Há três anos passados, exatamente em 16/04/97, tomei a liberdade de dirigir-me a Vossa Excelência, tecendo comentários sobre o projeto da Zona Franca de Brasília, que ouvi defender em plenário.
Coincidente e ocasionalmente voltei a assistir, hoje, vosso pronunciamento sobre os escândalos, a corrupção e a impunidade que se avoluma e preocupa face a política (?) adotada por um governo sem moral e idoneidade, voltado apenas para a subserviência que o mantém no poder.
Discorrendo sobre a seqüência de roubos, apropriações indébitas, corrupção e manobras fraudulentas, citou Vossa Excelência o caso do FAT no governo Roriz – pouca vergonha tão comum que uma simples renúncia de Secretário restabelece o silêncio e a tranqüilidade para, com a perenização, continuar prevaricando.
Falou Vossa Excelência na tribuna, hoje, sobre a compra de um jornal diário de Brasília, mencionando o empréstimo de seis milhões concedido pelo Banco oficial do DF a empresários pernambucanos – sem as garantias normalmente exigidas e liberação em prazo relâmpago. Esqueceu Vossa Excelência de mencionar que o valor da compra foi completado com o pagamento de atrasados à empresas empreiteiras que, assim, complementaram os doze milhões de reais necessários à transação, segundo consta.
Sobre isso me permitiria lembrar a Vossa Excelência um detalhe que a divulgação da notícia explorou subtilmente. O valor da transação foi PAGO EM ESPÉCIE, levado para Goiânia em Helicóptero do governo. Não aceitaram cheque. Teve de ser na “velha” lei do
“ C O N T A D O “ ! ! !
Sintomático e estranho, não ? Antigamente isso era prova cabal de descrédito e desconfiança. Lembra-se ? Quem comprovará o valor realmente pago ? Quem de fato adquiriu o Jornal ? Quem resgatará a dívida ? Talvez um Sr. Passos Jº – sócio do Governador Roriz nos condomínios em áreas governamentais ? Os desvios do FAT não estariam incluídos na operação ? Os vendedores teriam depositado em conta bancária o valor “recebido” em espécie ? O Imposto de Renda tomará conhecimento da transação e de quem embolsou a moeda – “ uma sobre a outra ” ?
Veja Senhor Senador a quantas andamos num governo que possui dois presidentes: um de “fachada”(que diz asneiras sobre asneiras) e outro DE FATO que, sem sair do gabinete e se expor, executa as ordens que recebe de alhures.
Muito mais gostaria de acrescentar sobre o tema que Vossa Excelência analisa, mas me reservo o prazer de parabenizá-lo pelo que já denunciou e, por certo, acrescentará.
Valho-me do ensejo para apresentar a Vossa Excelência meus parabéns por tão atual pronunciamento, subscrevendo-me
Luiz Torres Da Silva